ATRAVÉS DO VIDRO

Terra nossa
trabalhada para nada e para poucos,
rios e portos inundados de sol,
miséria dos trajes miséria dos pés,
rios como punhais ferindo a terra.
Sorridentes, pensativos Yaunas pacientes,
laboriosos
levantando suas casas tecendo suas misérias com
fibras vegetais
orquídeas, tâmara vermelha, folhas da vitória que
apenas vós veis
macacos nocturnos, ursos formigueiros, garções,
tigres, jibóias,
tartarugas pensativas, castores – semelhantes do
mundo dos dentes –
Terra que nada deixa
e no entanto o sexo.

Traduçao de João Rasteiro