UM MOÇO NO MEIO DO SÉCULO

Deverias,
Deverias – a ti repetes –
Voltar aos dias de tua infância.

Talvez aqueles
Onde caíam os cachorros
Buscando a morte
E tua jovem tia solteira trazia os recém-nascidos
Numa canastra de compras.

Tua infância não volta da pronto à memória.

Há etapas.

Que não querem emprender  o  caminho do regresso
Nelas estão teu cão envelhecido,
Tua galinha de três anos
E a sombrinha que a negra Elisa te deu
Aos sete.

Não há paisagens, apenas a vazia terra do adobe.

Vagos são teus anos e também o crescimento do corpo
Ou  o nascimento destes desejos que te atacam.

Deverias – a ti mesmo repetes –
Voltar ao perfume de tua mestra.

Mas, que importa isso agora?

Traduçao de Amadeu Baptista